Só quem teve a paz serena Do aconchego dos galpões E viveu as emoções Da campeira convivência Retempera o sentimento E arrocina suas ânsias Tem orgulho de ser de estãncia E não renega sua essência Só quem sabe do fascínio Do clarão das labaredas Que atropelam de vereda Do potreiro da memória E nos gritos do silêncio Dentro da alma dos campeiros É quem pode ser herdeiro Pra cantar suas histórias Se contasse as madrugadas Que aos meus olhos renasceram E as sevaduras de ervas Que mateei junto ao fogão Com certeza encontraria A emoção de alguns recuerdos As razões do meu apego Dessa vida de galpão Só pra quem viu entre as frestas Do sol quente das manhãs Matizando a picumã Deste santuário crioulo E aparou gotas de geada N’algum agosto sebruno Conhece o mundo reiuno Da solidão sem consolo Quem não conhece o galpão E os corações galponeiros Não trate o homem campeiro Com desprezo e arrogância Pois eles não esqueceram Que os pais, dos pais já diziam Que os sábios se distanciam Para encurtar as distâncias