Houve um tempo Em que o verde era mais verde E nesse tempo se ouviam Cantos de pássaros, cantos de roda Palavras amigas na boca do irmão Colhíamos flores, espigas de trigo As flores sorriam enfeitando as janelas E o trigo nas mesas, fartura de pão Passaram-se os anos, mudou a paisagem Se fez estiagem na alma dos homens Além das coivaras, o rastro profundo Das patas dos monstros que matam as matas Tiraram o brilho do olhar das crianças Roubaram a esperança do rosto dos velhos E todos perguntam, por Deus, até quando Veremos calados tamanha matança? Esses homens que tingem os rios Que matam os peixes, engolem ganâncias E vivem da ânsia do tombo das árvores E vivem da ânsia do tombo das árvores Esses homens não têm consciência Que a mãe natureza precisam cuidar Que a morte dos rios e do verde das matas É a morte da vida se a fonte secar