Menina lá do mirante, Toda vestida de cassa, Deite-me vista saudosa E um adeus da sua graça. A menina é o retrato, Sem mesmo tirar nem pôr, De quem me prendeu de amor Nas festas de São Torcato. Tem mesmo um olhar gaiato, Expressivo, embriagante, E essa boca insinuante, Onde a alegria perdura, É romã fresca madura, Menina lá do mirante Anda a brisa, com desvelo, Perfumada a lúcia-lima, A saltitar-lhe por cima Dos anéis do seu cabelo. Abençoado modelo De mulher da minha raça!... Pois toda a gente que passa Olha os céus e diz ao vê-la, A menina é uma estrela Toda vestida de cassa. O meu amor vá um dia À minha terra e verá Que do seu mirante lá É um voo de cotovia. Verá como se extasia Ante a paisagem formosa, Que se estende graciosa, Num encanto sem limite!... Caso aceite o meu convite Deite-me vista saudosa. No domingo há procissão, Com andores dos mais ricos, Bodo aos pobres, bailaricos, Fogo preso, animação. Lá encontra um coração Que de amor se despedaça, Portanto, a menina faça Esse coração vibrar, Dando-lhe um simples olhar E um adeus da sua graça.