[Larissa Luz] Com a fé de quem olha do banco a cena Do gol que nós mais precisava na trave A felicidade do branco é plena A pé, trilha em brasa e barranco, que pena Se até pra sonhar tem entrave A felicidade do branco é plena A felicidade do preto é quase [Emicida] Olhei no espelho, Ícaro me encarou Cuidado, não voa tão perto do Sol Eles num guenta te ver livre, imagina te ver rei O abutre quer te ver de algema pra dizer: Ó, num falei?! [Emicida e Larissa Luz] No fim das conta é tudo Ismália, Ismália Ismália, Ismália Ismália, Ismália Quis tocar o céu, mas terminou no chão Ismália, Ismália Ismália, Ismália Ismália, Ismália Quis tocar o céu, mas terminou no chão [Emicida] Ela quis ser chamada de morena Que isso camufla o abismo entre si e a humanidade plena A raiva insufla, pensa nesse esquema A ideia imunda, tudo inunda A dor profunda é que todo mundo é meu tema Paisinho de bosta, a mídia gosta Deixou a falha e quer medalha de quem corre com fratura exposta Apunhalado pelas costa Esquartejado pelo imposto imposta E como analgésico nós posta que Um dia vai tá nos conforme Que um diploma é uma alforria Minha cor não é um uniforme Hashtags PretoNoTopo, bravo! 80 tiros te lembram que existe pele alva e pele alvo Quem disparou usava farda (mais uma vez) Quem te acusou, nem lá num tava (banda de espírito de porco) Porque um corpo preto morto é tipo os hit das parada Todo mundo vê, mas essa porra não diz nada Olhei no espelho, Ícaro me encarou Cuidado, não voa tão perto do Sol Eles num guenta te ver livre, imagina te ver rei O abutre quer te ver drogado pra dizer: Ó, num falei?! [Emicida e Larissa Luz] No fim das conta é tudo Ismália, Ismália Ismália, Ismália Ismália, Ismália Quis tocar o céu, mas terminou no chão Ter pele escura é ser Ismália, Ismália Ismália, Ismália Ismália, Ismália Quis tocar o céu, mas terminou no chão (Terminou no chão) [Emicida] Primeiro, sequestra eles, rouba eles, mente sobre eles Nega o Deus deles, ofende, separa eles Se algum sonho ousa correr, cê para ele E manda eles debater com a bala de vara eles, mano Infelizmente onde se sente o Sol mais quente O lacre ainda tá presente só no caixão dos adolescente Quis ser estrela e virou medalha num boçal Que coincidentemente tem a cor que matou seu ancestral Um primeiro salário Duas fardas policiais Três no banco traseiro Da cor dos quatro Racionais Cinco vida interrompida Moleques de ouro e bronze Tiros e tiros e tiros Os menino levou 111 (Ismália) Quem disparou usava farda (meu crime é minha cor) Quem te acusou nem lá num tava (eu sou um não lugar) É a desunião dos preto, junto à visão sagaz De quem tem tudo, menos cor, onde a cor importa demais [Fernanda Montenegro] Quando Ismália enlouqueceu Pôs-se na torre a sonhar Viu uma Lua no céu Viu outra Lua no mar No sonho em que se perdeu Banhou-se toda em luar Queria subir ao céu Queria descer ao mar E, num desvario seu Na torre, pôs-se a cantar Estava perto do céu Estava longe do mar E, como um anjo Pendeu as asas para voar (80 tiros) Queria a Lua do céu Queria a Lua do mar As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par Sua alma subiu ao céu Seu corpo desceu ao mar [Emicida e Larissa Luz] Olhei no espelho, Ícaro me encarou Cuidado, não voa tão perto do Sol Eles num guenta te ver livre, imagina te ver rei O abutre quer te ver no lixo pra dizer: Ó, num falei?! No fim das conta é tudo Ismália, Ismália Ismália, Ismália Ismália, Ismália Quis tocar o céu, mas terminou no chão Ter pele escura é ser Ismália, Ismália Ismália, Ismália Ismália, Ismália (Ismália, Ismália) Quis tocar o céu, mas terminou no chão Terminou no chão (Ismália) (Quis tocar o céu, terminou no chão)