Violão, guitarra crioula Das noites de pulpería Eu acho, em ti, melodias Que a madrugada ensina O que começa, termina Pelos floreios que faço Quando te empunho nos braços Aos olhos de alguma China Tens nos bordões os acordes Das rédeas do meu cavalo Que firmo no mesmo embalo De um trotezito chasqueiro Te atiço, meu companheiro Pra que convide a cordeona Porque a razão de apaixona Quando não ouve um pandeiro Nas primas toco suave Como quem faz um carinho Tirando ovo do ninho Cuidando pra não quebrar A harmonia do ar Que o candieiro enfumaça Pois a noite nunca passa Se eu te tiro pra bailar Violão, guitarra crioula Dos días de marcação Que, olhando o fogo de chão Eu te afinava de ouvido Depois, botando sentido Em cada pealos lindaço Ia soltando o teu laço De cordas todo estendido No corpo, carrega a pampa Com tuas duas coxilhas No braço, a alma em vigília Que nunca dorme em serviço Hoje te peço permiso Pra tocar a noite inteira Polca, chamarra, vaneira Nas baldas do teu feitiço