Seu moço preste atenção Procure me compreender Bem certinho vou dizer Se o senhor me permitir Este imenso progresso Que o Brasil de glória Analisando a história Eu ajudei construir Hoje os meios de transportes São por vias asfaltadas Mas as primeiras picadas Fui eu que ajudei abrir Com o meu carro de boi Arroxo de couro cru Cambito de guatambú Fueiro de cambuí Cortava terras barrentas Nas ferragens dos rodeios Nos rígidos pamoeiros Nos estalos dos canzis Carregado de cereais Eu seguia passo a passo Caprichava nos chumaços Pro cocão fazer zunir Na força do meu destino Desdobrando a sorte amarga Deitado embaixo da carga Ouvindo a chuva cair Sem lamentar minha sorte Depois que a chuva passava De novo continuava Minha jornada seguir Com fé na Virgem Maria Que sempre me abençoava E também me acompanhava Quando eu ia partir A cantiga do meu carro Na distante caminhada Na estrada sempre ficou gravada Na minha imaginação Meu velho carro de boi Que tanto gosto me deu Carunchou e apodreceu Lá no fundo do galpão Onde eu for enterrado Quero que deixe um letreiro Descança aqui um carreiro Pioneiro do sertão