Florzita de Campo Aberto

Quarteto Coração de Potro

Composición de: Sergio Carvalho Pereira
As pedras da sanga clara
Que corre ao fundo da estância
São tão preciosas, Tão raras
São o livro da minha infância

Ali cruzei com um bilhete
Direito a um rancho lindeiro
Pedia por minha mãe
Querosena pra candeeiro

Levava para o vizinho
Charque, Laranja, Mandioca
E a esperança de aos pouquinhos
Ver tua trança chinoca

O mato que segue o rio
Tem uma estreita picada
É um amigo sombrio
Traz minha história guardada

Guarda o aroma das flores
Cheiro de raiz molhada
Me viu pechar com os rigores
Rumbeando ao rancho da amada

Pra sentar junto contigo
E dar mate ao coração
Assim tu vinhas comigo
Sem sair do teu rincão

Aquela estradinha andeja
Aberta por gado e por gente
Tem alecrins, tem carquejas
Que lembram de mim contente

E tem só marcas de casco
Pra o lado da tua morada
Na volta... eu vinha tão leve
Que nem marcava na estrada

Mais quinze dias de lida
E estavas sempre comigo
Que linda e terna é a vida
Pra quem não sente o perigo!

Naquela taipa arrombada
Na invernada da tapera
Cada mareta da aguada
Conta um pouco do que eu era

Ali me vi ao inverso
Na flor d'agua cristalina
E fiz meu primeiro verso
Para agradar-te menina

Florzita de campo aberto
Que a nós do campo apaixona
Te cuida o gado liberto
E as tropilhas cimarronas

E assim me tornei poeta
Cantador e vira-mundo
E tu ficaste, discreta
Embelezando esses fundos

Jamais achei teu encanto
Por este tempo disperso
Voltei pra encontrar meu canto
E completar o teu verso

Florzita de campo aberto a nós do campo apaixona
Te cuida o gado liberto e as tropilhas cimarronas
Eu não te cuidei florzita minha poesia incompleta
E te deixei, tão bonita! Por cismar de ser poeta

(E te perdi, tão bonita! Por cismar de ser poeta)
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