Sempre falou de amor, mas nunca o conheceu Apaixonou-se por gente com quem jamais viveu Mas, viveu intensamente suas memórias e dores! E nem mesmo percebeu Quando momentos alegres lhe fizeram companhia Era um súdito fiel dor E praticava sua devoção por meio de música Mas nunca foi músico, sempre foi só mais um cara comum Que se gastou entre amigos e irmãos Mas jamais teve a nenhum dos dois E esteve de luto enquanto vivia Antecipou desgraças que jamais veria Seu coração era a tragédia, a paixão, a agonia E, por isso, aceitou que somente um fim o libertaria Ele escolheu um pôr-do-Sol, e abraçou uma árvore Ao fundo veja meu coração, dizia a sua preferida canção Pobre homem, ousava chamar de coração O buraco exposto em seu peito! E enfim o Sol se pôs, e ele se pôs também E, no abraço acolhedor da árvore O Sol se pôs nele, e o Sol se pôs somente pra ele E a vida cumpria ali seu destino No abraço de árvore No cair de sua última noite Na exposição de um coração ao céu