Seis e quinze da manhã E um gole na garrafa A cachaça é um modo De poder seguir Essa ironia do destino Que não tem mais graça O sonho, a raça Quem pode desmentir? Paralelas de cimento Perpendiculares Asfalto e dizeres A males que só fazem mal Essas selvas de cimento Que trazem pesares O ar rarefeito Cinzas de um caos Quem vai nos aplaudir? Quando o dia chegar ao fim Quem vai agradecer? Quando o prédio subir E a escada rolar Todo rosto que caminha E vive sem nome O cheiro de sonho A dor vai cobrir Vida simples de desejo Aperta o peito e nada Contando moeda, seca a goela E fica só Paralela de cimento Tonos musculares Calados e secos A males que só trazem mal Essas selvas de cimento Globos oculares Sufocam sujeitos Cinzas de um caos