Antes É mais distante do que ontem Tá mais pra longe do que perto Repare o tempo está encoberto Com nevoeiros e fuligem E mais camadas de vertigem Expressas em forma de dilema Pois se olhar bem o tempo é cobra Mordendo o próprio rabo, é obra Mas em progresso e não do acaso Hoje É um enigma que está posto Moto perpétuo sem descanso Na soma dos recuos e avanços E noves fora algum desgosto Sentimos pra onde sopra o vento E achamos o fio da meada Pois, vejá bem, a vida urge Mais do que nunca e logo surge Uma esperança e uma toada Eles Nossos antepassados, vivem Imersos em nossas jornadas Nos objetos, nas piadas Se manifestam em nossos gestos Assistem sem pagar ingresso Nossa comédia de enganos Porque é eterno esse retorno O novo é o velho, o velho é o novo Cão ladra e a caravana passa