Sangra A mata sangra A terra sangra O povo sangra A vida sangra A carne sangra A mente sangra O sonho sangra A alma Desde muito, muito tempo Que homens e mulheres, adultos e crianças Criaturas das mais variadas formas e cores Dividem esse pedaço de universo Mas de onde vieram e quem são Todos esses seres de consciência? Consciência? Há muito o sentido dessa e de tantas palavras Parecem ter sucumbido em meio A tantas outras palavras que expressam Uma dolorosa e duradoura agonia Fome, posse, guerra, dor São apenas uma pequena fração Do imenso caos humano Em que nos encontramos agora Mas o que fazer para emergir Desse buraco que parece não ter fim? Como recuperar a consciência E livrar-se dessa doença contagiosa E letal que nos arrasta prum mal Que nos limita no agir? Essas e outras tantas questões Só me instigam o juízo Me fazem perceber o abismo e querer dele sair Mas não posso sair sozinho Não, eu não posso sair sozinho Então enquanto isso sigo no meu lamento Na esperança que um dia toda essa sangria Estanque Sangra A mata sangra A terra sangra O povo sangra A vida sangra A carne sangra A mente sangra O sonho sangra A alma