Não posso andar sozinho Tenho medo da escuridão Se os tempos são sombrios O remédio não é solidão Voltei a ser criança com medo Do vento da chuva lá fora balançando os galhos Que em cada relâmpago se transforma Em monstros na parede do meu quarto Me escondo embaixo do cobertor Pra mim ele não serve só pra aquecer do frio E fico até cair no sono protetor Na esperança que o pesadelo não me dê calafrios Naldo, quem mandou virar adulto Respaldo, amor não há nem em culto Sepulto, minha criança interior Esse puto, cria ânsia e se internou Não em clínica de recuperação Sem mínima recuperação Pois é cínica a recuperação Na íntima, não recupera a ação Já tão dizendo que eu tô meio paranoico Mesmo sabendo que o momento não é nada heroico Sinto que sou perseguido tipo o Frei Tito no exílio Psico pós ter sofrido por milico típico o maníaco Ustra, a tara E ídolo de um político ridículo que pra bolsominion é mito E isto por ter sido um maldito desprezível filho da puta pátria Não posso andar sozinho, tenho medo da escuridão Se os tempos são sombrios o remédio não é solidão Me encontro tão perdido no meio de uma multidão Com síndrome de perseguição Vejo minha sombra sendo um adversário forte Quanto vale sua vida num vale que assombra a morte Eu tô sem porte, carregando munição Palavras são passaporte, transporte sem ficção Nessa missão, me sinto tão vigiado Por olhos que tão famintos me sinto encurralado Vivo o pecado, chapado, nessa madruga Copo ao lado resultado desse fardo numa fuga Olhando o espelho vendo um adversário forte Que insiste nos seus erros que me seguem até morte E o tempo passa nem que eu faça devagar Escolhas são como escritas que nada pode apagar E a inocência de um moleque se vai Tão fácil, tão difícil, complexo demais Buscando paz, cá cabeça na guerra Aqui jaz, um a mais, ser humano que erra Mais um na terra nessa jogo de azar E o que nos ferra é as vezes acreditar Mais um na terra, vendo a vida passar Em meio a tempos difíceis sem sair do lugar Quem que me segue que me entregue A direção, solução pros meus problema Quem só persegue nunca percebe Nunca consegue se enxergar num próprio tema Nem entendo mais minhas causas Eu busco pausa só pra poder me encontrar Se eu tô perdido, quem me salva? De peito aberto é incerto acreditar Paranoias sempre me corrói a mente a Às vezes sigo em frente só pra não voltar Medo se faz presente, alma ficou ausente Me mostro sorridente a um passo de chorar Não posso andar sozinho, tenho medo da escuridão Se os tempos são sombrios o remédio não é solidão Quem será o meu inimigo no meio de uma multidão Com síndrome de perseguição