Ressuscitar a Essência É desenterrar nossos mortos Não nos rituais, na memória É lembrar que o rap nasceu pra Ser revolta e não vitrine provisória Não é tendência, é herança Mataram a mensagem, vestiram a máscara Venderam o grito, mas aqui o verbo é vivo O que o algoritmo calou, a quebrada revive E a identidade tá no vinil riscado Na cicatriz que escreve Se esqueceram do porque rimam? -Ei, eu lembro Porque enquanto tiver fome Bala, ausência, o Rap é sentença Por quem rimou sem palco Por quem sangrou sem câmera Aqui Gog ressuscitando a essência Fui ferido por mãos que vestiam honra Fui traído por bocas que juravam o amor Eles queria me ver chorando Eles queria me ver pedindo Eles queria me ver morto Mas eu continuo vivo Eu continuo vivo Planando enquanto anseiam minha queda entediados Restrito aos interessados Minhas obras não precisam de vãs apresentações Se mantém viva no silêncio das ações De volta pelos que ama essa porra e esperam por mim Zé porva vê que silêncio nem sempre é consentimento Em nome dos que mais amo e que dependem de mim Vim devolver a identidade ao movimento Ressuscitando a essência, A286 Um ponto de luz em meia a decadência Tentaram derrubar, eu continuo vivo Cresca à distância, transforme-se Retorne irreconhecível Fui ferido por mãos que vestiam honra Fui traído por bocas que juravam o amor Eles queria me ver chorando Artigo 286 Convocação dos monstros, hora do resgate Cada um que pegue seu bote salva-vida Eles queria me ver pedindo Eles queria me ver morto Mas eu continuo vivo Eu continuo vivo Ressuscitando a essência Soldado da guerrilha, sem bater continência Preto velho rima nova, cavaram a própria cova Quando duvidaram do potencial real, demais Superação sagaz Foram lutas e batalhas pra poder manter a paz Na mente Até quando não tava favorável Os de verdade tavam lá para constar É quente Determinação na caminhada Cultura de rua pela rua aclamada São vozes velozes dos versos que corta A falsidade do safado e transforma em nada Essência ressuscitada, é uma pauta inusitada Não se apaga com facilidade o pavimento Que foi feito naquela estrada Eles queria me ver chorando Eles queria me ver pedindo Eles queria me ver morto Mas eu continuo vivo Eu continuo vivo Ser imortal é maldição na terra da traição Herdo sepulcro aberto, bem-vindo à ressurreição Sem aval, cobrado pelo orgulho absorto Vocês não mata quem sempre se viu morto Colateral de não sorrir para quem te humilha Pode pisar no corpo, mas confirma se respira Ainda indago tudo que me é imposto Conhece o peso das lágrimas? Eu conheço o gosto Forjado por dedos apontados, sou eterno Pique o galo que mata e também sangra nas rinhas A índole é o fardo de quem não teve escolha E sempre foi linha de frente antes de tá frente às linhas Me sinto livre estando preso a minhas convicções No meu deserto não existe miragem e ilusões Derruba mesmo que daqui cês não ranca o arrego Nós bebe o próprio sangue, pode chamar de soberbo Eles queria me ver chorando Eles queria me ver pedindo Eles queria me ver morto Mas eu continuo vivo Eu continuo vivo E foi na carroceria de um caminhão como palco Disparando rima sobre o crime tráfico e assaltos Desigualdade social, racial, 94 Realidade Cruel um sonho mais que abstrato Ainda me lembro, Reinaldo bem no início Sem Google ou IA Um estrofe escrita quase um sacrifício As lágrimas de esperança, caneta e o caderno Em fim se tornariam muito mais do que versos eternos E quantos shows com a certeza de ir sem voltar Para ver o Rap alcançar o lugar que hoje está A cada poça de sangue, a cada tiro no rosto do fã Assassinado com a peita no corpo Escrita Racionais, Cirurgia Moral Resgatando essência, embora seja mais que atemporal Eu sei bem que os inimigos não nos querem vivos Nosso poema é meramente infinito Eles queria me ver chorando Eles queria me ver pedindo Eles queria me ver morto Mas eu continuo vivo Eu continuo vivo Barras, barras, um pedaço de cada sofredor ainda Em nome do ódio ou do amor ainda Resistindo à ação do tempo sem menção honrosa Onde bombas são as armas menos perigosas Contrário ao tempo e as probabilidades No abismo entre a fantasia e a realidade Onde ninguém é odiado mais que o que fala a verdade Antes a reprovação do gênio ao louvor dos covarde Fazendo mais falando menos vocês paga aprovação A raiva disfarça seus medo, nunca foi direcionada Satisfeito O que escrevo não são personagens, são espelhos Me enterra e veja, ainda sou o mesmo Fui feito para sangrar tudo que for preciso Desde que isso signifique se sentir vivo Ainda não entendeu, eu não sou domesticável Eu escolhi perder, eu não dou conselho, eu faço Eles queria me ver chorando Eles queria me ver pedindo Eles queria me ver morto Mas eu continuo vivo Eu continuo vivo