Sou eu teu canibal e remetente Nessa carta incoerente Vim lembrar do que passou Aporto nesse mar de atrocidade Pindorama insanidade Que desvenda o Invasor A tinta da história que insistiu me decifrar Um bicho de arco e flecha a devorar Os livros, ao contar que fui escravo do passado Um filho de Tupã catequizado Tomaram terra e me forçaram misturar A pele preta, a coroa, o cocar Deixa o chão tremer, ê, ê, ô Que mata a dentro a cobiça reluziu Qual é meu nome, ora pois A força, o sangue de nós dois Debaixo de pau, Brasil Ao ler que minha fome de saber se alimenta Degusta o verbo, te supera e reinventa Devo sentir que a transgressão te causa dor Se me criou, sabia um dia quais seriam os meandros Teu Deus de pedra não põe medo em meus malandros E teu sagrado insiste em vilipendiar Vixe Maria Cabra da peste arretada é Betinha A devoção da minha gente encarnada A eterna fome de prazer me consumiu Se festejar é minha sina A Vera Cruz quem te assina E te entregue a tua pátria que pariu Se a canoa não virar, olê olá Meu recado vira samba e carnaval Chega ao destinatário O meu grito libertário Vigário Geral