Rico só compra à vista Pobre só na caderneta Rico gasta o ano inteiro O pobre só na colheita O rico já tem de sobra E o pobre nunca se ajeita Mas se o Brasil entorta O rico não se importa É o pobre quem endireita Meu pagode não se rende Nem bate o joelho no chão Meu pagode hoje acende O estopim do canhão Trabalho de rico é leve É melzinho na chupeta O pobre já pega cedo É no cabo da marreta Se o rico inventa guerra O pobre enfrenta a baioneta Sem o estudo do pobre Vai com certeza o nobre Lá pro fundo da gaveta Meu pagode não se rende Nem bate o joelho no chão Meu pagode hoje acende O estopim do canhão É o roceiro que alimenta A fome deste planeta É a enxada que cultiva O conforto da caneta Enquanto o rico desfruta O pobre tá na sarjeta Sem a labuta do fraco Não tem farinha no saco O Brasil fica perneta Meu pagode não se rende Nem bate o joelho no chão Meu pagode hoje acende O estopim do canhão