Eu sou filho dos pampas nasci no Rio grande Sem conhecer perigo e sem receiar nada Sem ter morada certa e sem ter quem me mande Só sei é respeitar minha querência amada Montado no meu pingo de laço nós tentos O trinta na cintura e meu documento E meu divertimento é o pó da estrada Eu sei me defender mas nunca fui valente Nem gosto do gaúcho quando é debochado Se eu entro num fandango e vejo o tempo quente O trinta na cintura fica preparado Se entrar num duelo é certo que eu vensso Pois gosto de atirar é só no nó do lenço E no primeiro tiro vejo resultado O telhado do rancho é a aba do chapéu Criado no Rio grande sem ter paradeiro Só o céu e a lua que brilha no céu É quem eu considero como companheiro No lugar que eu repouso eu gosto de sossego Enrolado no pala encima dos pelegos E do velho lombilho eu faço o travesseiro Se eu pego na sanfona eu sou divertido Se pego no meu laço sou pealador Nas coxilhas do Rio Grande eu sou conhecido Na testa do meu pinto eu carrego uma flor E essa flor que eu digo é formosa e bela Só pode ser tirada por uma donzela Se um dia me acertar um pealo de amor