A cidade comovida com sua noite silenciosa Oferece aos miseráveis a benção do concreto o lençol da garoa fria A cidade orgulhosa com seu dia abafado Cede aos carros seu espaço e acolhe as chaminés pondo a fuligem nos seus pés A cidade solitária em sua sorte de grafite Estende seus romances ao asfalto E entrega aos bueiros tudo que não lhe serve É o corte das feridas ardendo na multidão É a lágrima da piedade pela vida em deserção A cidade comovida com sua noite silenciosa Oferece aos miseráveis a benção do concreto o lençol da garoa fria É o corte das feridas ardendo na multidão É a lágrima da piedade pela vida em deserção A cidade comovida