Quem saberá se esta guitarra Solta ou amarra o que eu trago no peito? Até suspeito que ela em ressonância Entenda a ânsia do meu cantar deste jeito Seis cordas chamam a minha alma E até acalmam por um simplório instante Este lamento que num cantar campechano Mano a mano em mim se torna constante Tal qual carancho que chega inoportuno E por seu turno invade sem um convite A solidão vem bater no rancho tapera Onde a saudade impera já sem limite Ansiosa num campo que se perde de vista Solita sorvo um mate quase lavado Mirando ao longe o meu olhar não avista Pela porteira a volta do peão amado Quem saberá se esta guitarra Solta ou amarra meus devaneios de outrora? Quando a ouvia numa milonga pampeana Dela emanavam afagos a cada aurora Por quantas vezes longos sonidos Já decorridos saíram bem dedilhados? Talvez enrede a minha alma nos tentos Deste lamento rememorando o passado E deste rancho que há muito virou clausura Já sem censura quero soltar os cadeados Portas abertas quero fechar para sempre Pois só pertencem a um perdido passado O pingo baio parece que até me chama Como a dizer que o estribo me espera A alma voa liberta dessa guitarra Quando me afasto desse ranchito tapera A vida segue após um amor perdido E é concedida a todas a esperança As incertezas de uma vida sozinha Por vezes plantam em nós a insegurança O campo é bem maior quando a gente segue Quando consegue deixar prisões tão pequenas As açucenas ressurgem pelos caminhos Quando o amor por nós mesmas nos faz tão plenas