No olhar tristonho do guri Que eu via com dor no coração A saudade de um pai que estava ausente Nos deixando tão sozinhos no rincão Meu filho ali sentado ao pé da porta Os pés nus, olhar ao longe pelo pago Vendo o mato se alastrando pela horta Até os patos já não brincam mais no lago Até o rancho não é o mesmo entristeceu Este catre que abrigou tantos beijos seus A sombra de um amor que um dia floresceu Tão pequena que nem cabem os desejos meus E numa tarde como era de esperar Cruzando a porta um oficial em bela farda Sem sorrisos com piedade pra me dar Em sua mão um lenço roto e uma carta Quem me dera fosse uma mentira A verdade é uma adaga no meu peito Abracei meu filho que a tudo assistia Entristecido, mas sem entender direito Pra mim sobrou a missão de explicar Mesmo tão moço é preciso entender Não foi por fama nem por glória que partiu Mas para o pago e a nós dois proteger Herói anônimo entre tantos que lutaram Por cada filho cada pedaço de chão Sua coragem está gravada em todos nós Em cada medalha, cada terra, cada irmão Sua tristeza até a alma me corrói Erga a cabeça, pois teu pai é um herói Sua estátua pelas praças não se vê Mas bem aqui sua memória está viva