Teu olhar possui todas as ânsias que junto carrego Há tempo que fiz de teu corpo, meu rancho carinho Deixei de viver por estâncias e isso eu não nego Meu catre outrora atirado, já não me acolhe sozinha Me diz a maneira morenão de te fazer amado Pois quando te dei meu amor, eu vi felicidade Te vi me olhando na aurora em sorriso extasiado Meu campo deixou de ser só e viver na saudade Moreno que um dia laçou meu olhar para sempre O poncho do amor que eu te dou, jamais será ausente E quando o inverno chegar, com minuano matreiro Não esfriará nosso mate, nem teu riso faceiro Eu sei que o patrão divino, nada faz por acaso Quem planta amor colhe paz, como foi nosso caso E o amor que eu te dou é bem mais, que pra uma só vida Eu sei que estarei te esperando, amor da minha vida E quando o frio se achega, com a noite estancieira O catre e o calor dos pelegos nos trazem acalanto Pois quando te amo, eu vejo tua alma trigueira Sou potra sem rédeas correndo, pelo teu encanto A gente não sabe nem marca, quando o amor bate à porta Solita vivia com o cusco, o potro e a lida Mas hoje percebo moreno, que nada importa Se um gaúcha viver sem amor, pelo resto da vida