Do bar, ele observava a rua todos passavam numa pressa tamanha e inexplicavelmente corriam sem saber aonde é que iriam chegar E ele nem ousou a tentar se colocar naquele mesmo lugar como se ele também não fosse alguém que dirigisse sem direção E encheu a mão de pedras e como franco atirador e esqueceu que tinha seus pecados e apedrejou aquela flor A flor no meio da rua tentava todos os dias sobreviver de um buraco no meio do asfalto a flor tentava se erguer E ignorava com todo otimismo a dureza do chão e a poluição e crescia se achando vistosa numa fresta do asfalto, um vão E recebeu a pedrada do bêbado e cada pétala se soltou e foi arrancada sem raiz e um talo foi só o que sobrou Mas a vingança daquela flor foi mais cruel do que se pode imaginar Eu tenho pena do bêbado e nunca gostaria de estar em seu lugar A flor foi embora e levou toda a poesia da cidade E a vida tornou-se insuportável A saudade da flor ainda vai matar!