Entre véus partidos e sombras que não somem Reinette desperta onde o destino não perdoa Quatro rostos sussurram o preço da liberdade E o mundo treme quando a corrente ecoa Na sequência nove sou um prisioneiro Correntes no pulso Correntes na alma Cada desejo reprimido pesa como ferro quente Cada pensamento é uma cela que não se acalma Mas mesmo acorrentada Escuto o chamado O poder que nasce do que me forçaram a calar Pois quem vive na prisão aprende cedo Que a rebeldia é o primeiro passo pra escapar Na sequência oito Abraço o lunático Razão partida Mente em fraturas finas Riso e dor se confundem Viram lâmina E o caos cresce em mim como praga divina O mundo não entende o peso do quebrado Da alma que gira e gira até se perder Mas na insanidade encontro um norte Pois quem é forçado à loucura aprende a enlouquecer Correntes caem e eu me torno prisioneiro A escuridão dança e a lunática chama desperta Zumbi do corpo Espectro da mente Meu espírito rompe para alcançar o que vira fúria De marionete à discípulo do silêncio Sou o discípulo que abraça o abismo E domina o que o acorrentou Na sequência sete Sinto a fera surgir Garras na Lua Ossos rangendo Pele rasgando O instinto domina o que resta de humano E a noite me guia Selvagem Uivando Não há piedade naquilo que me tornei A criatura que caça Que ruge Que morde Mas cada transformação cobra um preço A fera cresce E a mulher se perde Na sequência seis Caminho como zumbi Carne cinzenta Sentimentos em coma A morte me toca mas sigo viva Um corpo que anda Sem lugar Sem persona O frio da tumba toma meus passos A fome se agarra ao que resta do meu ser Sou resistência teimosa Cadáver que luta E cada respiração é um ato de não morrer Na sequência cinco Dissolvo-me em espectro Minhas bordas somem Minha voz treme Sou sopro no vidro Presença no templo Um reflexo solto de algo que não se entende A vida escapa com cada passo etéreo Mas ganho acesso ao que ninguém alcança Atrás das paredes Atrás da carne Vejo o terror A dor e a esperança Na sequência quatro Torno-me fantoche Meus membros puxados por vontades alheias Minha alma moldada pelo peso das eras Mas quem pensa que controla esquece Um fantoche também aprende a puxar cordas Sou marionete que corta seus fios E cada ruptura faz minha sombra mais forte Na sequência três Silêncio o mundo A voz se cala O som morre O ar congela O vazio me abraço como irmã antiga E aprendo que o silêncio é a lâmina mais bela Corto gritos Memórias Preces Sou o eco morto de um lugar esquecido Mas esse poder sussurra um aviso Quem guarda silêncio, carrega o proíbido Correntes caem e eu me torno um prisioneiro A escuridão dança e a lunática chama desperta Zumbi do corpo Espectro da mente Meu espírito rompe para alcançar o que vira fúria De marionete à discípulo do silêncio Sou o discípulo que abraça o abismo E domina o que o acorrentou Na sequência dois Herdo o peso do sangue Vozes de eras me chamam Me moldam Me ferem Tradições quebradas Rituais antigos Segredos que apenas monstros conhecem Os antepassados marcham comigo Condenações presas no meu coração Sou a sombria herdeira das dores do mundo Uma maldição viva em continuação Na sequência um Torno-me a abominação Carne distorcida Alma partida Tentáculos de terror brotam do véu E a sanidade se torna ferida Sou o pesadelo que vigia o sono O horror que anda Respira e observa Mas mesmo deformada Carrego lembranças Da mulher que havia Frágil e eterna Na sequência zero Sou o acorrentado Não é prisão É autoridade Não é limite É comando Correntes deixam reter Obedecem Grilhões não me cercam Me servem Aço Contratos Votos e destinos Todos se curvam quando ergo a mão O que um dia foi carga torna-se estrutura E o que um dia feriu agora sustenta mundos No topo do caminho do prisioneiro O acorrentado não se liberta Ele domina tudo quilo que prende Do cárcere ao trono Do grito ao silêncio Do humano ao eterno Do eu ao abismo A caminhada termina onde o mundo começa E no eco final Deixo o meu aviso Quem enfrenta o acorrentado não quebra as linhas Apenas se junta à canção do cativo