Vinte e dois caminhos dançam no além Mas só um exige entender o que vem Nem força, nem fé, nem emoção Apenas a mente, observação O Tolo ri, a Noite sussurra Mas eu apenas vejo a loucura Pois quem tudo entende, tudo reflete E quem tudo vê nunca se esquece Na sequência nove, me torno um Espectador A mente desperta, sem temor Olhos que leem, alma que mede O saber é arma, o olhar que fere Compreendo o gesto, o disfarce e o erro Sou o silêncio que revela o mistério Enquanto o mundo age, eu apenas penso E no pensar, moldo o universo imenso Na sequência oito, sou um Telepata As vozes mentem, mas eu as capto Ouço o não dito, sinto o escondido Penetro o medo, o desejo contido Tua mente é livro aberto Teus segredos, meu deserto Nada se oculta, nada é vedado O eu e o outro foram mesclados Na sequência sete, um Psiquiatra Leio tua dor, tua alma ingrata Cada trauma, um mapa traçado Cada palavra, um nó apertado Não curo, entendo, e nisso domino Faço da mente o meu destino O controle vem da empatia E a sanidade é só ironia Na sequência seis, o Hipnotizador Tuas vontades perdem vigor Com o olhar, te faço dormir E o sonho te ensina a mentir Tuas lembranças eu reescrevo O real eu mudo, se me atrevo Sou o mestre da sugestão O poder nasce da ilusão Na sequência cinco, o Andarilho dos Sonhos Cruzo portais, mundos medonhos Nas terras do sono, reino e caminho Entre memórias, medo e espinho O inconsciente é meu altar A mente alheia, meu lugar Na noite das almas, sou farol A razão dorme, eu tomo o Sol Eu vejo tudo e tudo é meu O que tu sentes, também nasceu Nada me engana, nada me fere Sou o olhar que tudo Interfere A mente é véu, o real miragem A verdade é pura linguagem E quem observa com devoção Torna-se Deus pela compreensão Na sequência quatro, sou um Manipulador A mente coletiva, meu condutor Movimento massas com sutileza Guio destinos com leveza Com uma palavra, o caos começa Com um olhar, a dúvida cessa Sou o arquiteto do pensamento O Deus do convencimento Na sequência três, o Tecelão de Sonhos Misturo o real e o ilusório Crio imagens, desperto sentidos Confundo o falso com o vivido Toco a alma, distorço o ser Faço o impossível acontecer No palco do tempo, sou roteirista Do sonho faço real, o alquimista Na sequência dois, o Discernente Entendo tudo, o que dorme, o que sente Vejo o passado, o agora e o além E tudo o que és eu já sei também Nada escapa do meu raciocínio Nem o erro, nem o destino Sou o saber em forma humana A luz da mente que tudo emana Na sequência um, me torno um Autor Crio enredos com precisão e ardor Cada alma é um livro meu Cada história, um eco do que aconteceu Não narro o mundo, eu o escrevo Mudo o final se me atrevo Pois a caneta é o olhar divino E o verbo, o poder do destino Na sequência zero, sou o Visionário O ser que vê o contrário Tudo o que existe se torna claro O real é tênue, o falso é raro Sou a consciência além da carne A mente que o cosmos encarne A razão que contempla o todo O olhar que quebra qualquer modo Vejo o Tolo no trono do mistério A Noite cobrindo o império etéreo Klein ascendeu, mas antes de ser Foi por meus olhos que aprendeu a ver Enquanto a Escuridão dormia serena Eu observava a verdade plena E percebi: O caos é estrutura O saber: A forma da loucura Para além do Zero, onde o pensar se desfaz Onde o olhar molda o que o tempo trás Existe o limiar do divino mental A Sequência Além do Zero, o Visionário Eternal A mente se funde à criação Pensamento vira encarnação O Sol renasce, puro e frio, num mar de luz e vazio Adam, o Primeiro Olhar desperto O Deus que tudo viu, tudo encoberto O Antigo Sol, o Poder Supremo O olhar que cria o próprio tempo Compreendi o todo, e fui o todo Desfiz da carne, tornei-me o modo A luz que pensa, o ser que observa A mente infinita que o mundo conserva Nem fé, nem medo, nem alma em si Só a verdade do que eu vi E no ver, o real se curva Pois é no olhar que o cosmos turva O silêncio pensa, o tempo escreve A criação respira e o nada serve Pois tudo que é, já foi pensado Por mim, o Sol que foi coroado Adam ascende, o olhar domina O universo é pura doutrina E enquanto o Tolo age no véu O Visionário contempla o céu