De outro mundo ao abismo do desconhecido Despertei viajante em um corpo renascido Na Era do Vapor, guiado pelo próprio destino Certo de que seria o protagonista do meu caminho Entre engrenagens, ciência e pura ambição Erguiam-se impérios na força da tinta e da invenção No salão dos segredos, um círculo oculto e frio Onde antigos juramentos sussurrava pelo vazio Da decadência de nobres ao nascer da revolução Da pena ao canhão, moldando a próprio nação Entre tronos quebrados e fumaça no ar Cada passa deixava o mundo prestes a mudar No topo do mundo, sentado na glória Um César que escrevia a própria história Acreditando ser astro da era perdida Crente de que a coroa era a essência da vida No silêncio profundo, ordens místicas chamavam E nas reuniões secretas, velhos nomes sussurravam Entre deuses ocultos e mistérios proibidos A trilha do Saber custava caro aos sentidos Da Lua avistada ao horror primordial Cada passo revelava um preço fatal A corrupção se aproximava, gota a gota E o sorriso do destino tornava-se derrota No auge do poder juntei-me a um grupo secreto A Ordem Eremita, onde o oculto me chamou de perto Ali descobri que o mundo era maior do que política e vapor Que existiam caminhos místicos E cada um deles exigia dor Percorri o Caminho do Sábio O destino que me estava prometido Mas neguei-me a seguir o fluxo E trilhei o rumo que eu mesmo tinha escolhido E com minhas próprias mãos As Cartas da Blasfêmia eu construí Buscava algo maior, mais digno do renascer que vivi E por ambição e vaidade Abandonei meu rumo sem saber no que isso ia me conduzir Líder, inventor, Imperador, tolo ou visionário? Caminhei entre a glória e o abismo imaginário E ainda assim repetia como mantra necessário O caminho define o inimigo Escolhi o mais solitário Entre cartas proibidas, o destino me escolheu E outro trilha agora o destino que devia ser meu Nas páginas rasgadas, deixei sinais que só ele vê Eco do que fui Chave do que ele pode ser E quando o mundo tremer diante da revelação Saberão que dois caminham rumo à mesma ascensão Sob a sombra das blasfêmias Meu legado vai ressoar Mas o herdeiro do meu caminho aprenderá a despertar Quando encarei a Lua Vi revelações que eu jamais deveria E compreendi que este mundo era a Terra Um segredo que ninguém ousava dizer em voz fria E quanto mais eu subia de Sequência Mais minha sanidade escorria Até que meus próprios aliados conspiraram E o último dia, enfim, chegaria Fui traído, caído, quebrado E no fim, pelo próprio poder corrompido A Rota que escolhi me consumiu Me tomou por inteiro, como um destino já decidido E nos últimos instantes Escrevi em chinês o que ainda restava de mim Meu diário Confissão, loucura, rancor Presságios do meu próprio fim Jamais imaginei Que aquelas páginas largadas ao acaso Guiaram outro homem, outra era, outro passo Klein, o Tolo Encontraria ali ecos do que um dia vivi E mesmo sem querer Até na minha loucura acabei traçando o caminho por onde ele seguiria Entre cartas proibidas, o destino me escolheu E outro trilha agora o destino que era meu Nas páginas rasgadas, deixei sinais que só ele vê Eco do que fui Chave do que ele pode ser E quando o mundo tremer diante da revelação Saberão que dois caminham rumo à mesma ascensão Sob a sombra das blasfêmias Meu legado vai ressoar Mas o herdeiro do meu caminho aprenderá a como um Deus se tornar Mas minha história não termina na morte Pois o Samuel Gustav ainda pulsava forte Minha filha, Bernadette A imperatriz Misteriosa Brilhante, paciente, incansável, serena e majestosa Foi ela quem encontrou meu último mausoléu Decifrou pistas, cruzou mares, enfrentou o que apareceu Entre ecos antigos e da história que reneguei Bernadette alcançou, enfim, O segredo que um dia ocultei E então No limiar entre mundos Quando tudo tremia entre o real e o impossível O improvável aconteceu Falei com Klein O Tolo que o destino escolheu Ali, fragmentado em sombras Mas lúcido por um único instante Revelei a ele verdades Que jamais foram ditas a mais ninguém antes Revelei a origem dos Caminhos Dos deuses ocultos Das forças que torcem o destino Dos ciclos eternos que moldam tudo Falei da Terra distante, da Lua e dos horrores que vi Do abismo que encarei E do preço por seguir onde ninguém deveria ir E naquele encontro final Mesmo metade ruína, metade lembrança Entreguei, na margem silenciosa do fim meu legado não escrito, meu aviso Meu último sinal de esperança Foi um adeus silencioso Um eco que o vento levou Mas Klein entendeu o peso Das escolhas que o próprio mundo forjou E eu Roselle Gustav Por fim descanso no mausoléu que ergui Sabendo que mesmo na loucura Deixei uma luz para quem veio depois de mim Depois de mim, depois de mim Depois de mim