Era pra ser só mais um dia comum Mas foi ali que o mundo girou de outro jeito Dois olhares cansados, duas histórias machucadas E mesmo assim, teve encontro no meio do desfecho Não teve anúncio, nem cena de novela Teve silêncio confortável, palavra que acolhe Teve bagagem, teve medo Mas também teve escolha E olha onde a vida levou a gente Dia 28 não é só data, é recomeço consciente É quando dois que sangraram por dentro Dizem: Agora é lar, é tempo, é centro É o feminino que se firma sem pedir licença É o masculino que não fere, sustenta a presença É a libertação dos pesos que não eram nossos É a fundação da casa onde a gente é o próprio renascimento A gente aprendeu que amor não salva, mas sustenta E que família é quem decide ficar Vieram dores, vieram provas Mas também veio a paz de poder respirar Construímos sem manual Com erro, com fé, com tropeço Mas se tem uma coisa que esse amor ensinou É que vale mais quem constrói devagar do que quem corre sem endereço Teve dia que a gente pensou em parar Teve noite que o silêncio gritou mais que qualquer discussão Mas mesmo assim A gente escolheu continuar E não foi teimosia Foi maturidade Foi entender que a história não termina, na queda Ela só muda de rota E, às vezes, é nessa curva que nasce o milagre Dia 28, agora tem outro peso Não é só celebração É rito, é libertação É quando a gente olha pra trás E agradece até o que doeu Porque se não fosse tudo aquilo A gente não teria chegado onde Deus prometeu Agora somos nós Com nome, com força, com direção Não herdamos um lar A gente criou um