A gente chegou na nova cidade com vontade, fé e um plano na mão Com pouca grana, muito talento e nenhum apadrinhamento na região Ouvimos bem-vindos, mas era só da boca pra fora Porque quando a gente tentou crescer, ninguém queria ver agora Roubaram ideia, copiaram formato Usaram nossa entrega e assinaram contrato Com o fulano da serra, o primo do ciclano E a pergunta veio: Mas qual teu sobrenome? Qual teu sobrenome? Como se talento precisasse de CEP pra ter nome Como se visão só valesse se viesse do mesmo sangue Mas a gente não carrega sobrenome, carrega legado Não nasceu da elite, mas nasceu preparado E agora que vencemos sem pedir licença É fácil vir bater palma na aparência Mas onde estavam quando a conta venceu? Quando o filho chorava e o café esfriou? Onde estavam quando o mundo virou? Não tinha parente pra ligar, nem terra de família Só a coragem de dizer vai dar certo todo santo dia A gente quebrou, mudou, recomeçou do zero Enquanto muitos riam, a gente escrevia o que hoje é referência no que é sincero Fizemos mais com menos Entregamos melhor com quase nada Eles tentaram nos apagar Mas esquecem que quem vem do fundo, aprende a virar enxurrada Mas qual teu sobrenome? É, hoje é resultado Hoje é presença Hoje é nome que carrega entrega e não bajulação Hoje é marca construída no chão Não viemos pra agradar mesa de bar Viemos pra transformar onde ninguém quis olhar Qual teu sobrenome? Agora é aquele que ninguém esquece Porque a gente fez tanto barulho trabalhando Que até quem ignorou agora aparece Mas não tem mágoa, tem memória E um lembrete A-autoridade não se compra na cidade Se constrói na história