Das cordilheiras por diante, canso o cavalo na estrada E toco o baio por nada, ganhando tempo e distância Aperto a cincha no arroio, mais adiante eu desencilho Num sombreado de cotrilho, umas dez léguas da estância. O baio até nem parece que bem conhece o caminho E atira o freio sozinho, sem nem firmar nas esporas Vai a trote nos varzedos, passo largo nas canhadas Na subida uma mermada, pra não se perder das horas. Essa distância de léguas maltrata quem vai por conta Feito um fincaço de ponta, do espinho de uma taleira É dor sentida na alma quando a saudade faz mossa Mas depois logo se adoça, ao lado da companheira. A légua e pico do rancho, agradeço a são miguel Tapeio mais o chapéu, com jeito e o olhar bem perto Então entendo a distância que não tem culpa de nada E quase não vê a estrada quem já vai de rumo certo. A querência é um mate bueno recém cevado por ela Quando apeio na cancela e avisto longe a minha linda Estendo a sombra do baio com o sol à meia tarde E um quero-quero em alarde me anuncia em boas vindas. Um olhar em frente ao rancho, é quase assim um abraço E eu largo o baio pro passo, e encho os olhos de verde Refaço meu tempo agora, que o fim do dia abençoa Feito quem bebe água boa, quando vem louco de sede.