Quando nasci ele já via, para a alegria da estância Feito mais uma criança, fazia parte dali Embora também guri, no seu olhar já trazia Paciência e sabedoria igual um Page Guarani E desde piá, abri meus olhos Já encontrei no meu lado Na sentinela postado, junto ao portão do fortim E num alerta sem fim Feito um irmão mais tanudo Fazia causo de tudo que se acertava de mim Tentiei meus primeiros passos Amadrinhado por ele Companheiro igual àquele todo bom piá merecia E mesmo quando dormia, se descuidava do amigo Ficava junto comigo até onde a lei permitia Quem tem a alma gaúcha conhece as coisas do pago Sabe que um cusco ou um cavalo São criaturas de Deus Por isso, a força terrunha Da história simples que trago Que nos reporta valores Que importam para um mundo dos meus! Dentro de casa não vinha, sabia não ser direito Pois era assim, desse jeito, que ensinava a cuscada Tinha audição aguçada e o faro de perdigueiro E mesmo lá no terreiro, era meu anjo da guarda E junto ao varal de charque, que a fartura nos brindava Quase sempre se deitava num culto de tradição Sabia que seu quinhão era regalo da gente E jamais botava os dente no que não viesse na mão Por isso bate a saudade Desse parceiro de andanho Que foi pastor do rebanho dessas andanças de outrora Pois a infância lá de fora Aquele cachorro preto Dava lição de respeito pra muita gente de agora! Quem tem a alma gaúcha conhece as coisas do pago Sabe que um cusco ou um cavalo São criaturas de Deus Por isso, a força terrunha Da história simples que trago Que nos reporta valores Que importam para um mundo dos meus!