Invejo os que sentem tremores E enfeitam com flores o olhar de suas musas Invejo sua fala confusa Sua voz sussurrada dizendo te amo Invejo os que sentem desejo E ardem num beijo o calor que eles sentem Nas pernas, no ventre, no peito Nas mãos tão suadas e gemem te amo Invejo os que bebem e cantam E queimam de febre em pleno delírio Invejo os que fingem poemas Se fazem poetas e escrevem te amo Invejo aqueles que choram Que aflitos imploram, que se ajoelham Invejo esta dor de navalha Que corta, estraçalha e deixa sangrando Invejo os que perdem o sono Que perdem o senso, que perdem o juízo Os que alheios a tudo Alheios a todos, exclamam te amo Invejo e às vezes eu minto Que isso eu não sinto e não corro perigo Eu calo o peito e a garganta Meu grito é o silêncio, eu te amo e não digo!