Não é só amor que machuca
É a ausência dele
Amar sozinho
É morrer aos poucos
Cartas manchadas de sangue
Rosas queimadas com raiva
Escuta

Coração virou cemitério de lembrança
Cada carta tua é faca cravada na esperança
Amor virou trauma, e o que era doce azedou
O pra sempre que cê prometeu evaporou

Olha pra mim: Eu sou o resto de um nós
Gritando pro nada, ouvindo só minha voz
Fumei suas mentiras na brasa da mágoa
Agora meu peito sangra, mas ninguém vê essa água

Dormindo com dor, acordando na guerra
O travesseiro tem cheiro de terra
Enterrei meu sorriso no mesmo lugar
Onde joguei as flores que cê fez murchar

Cartas manchadas, rosas queimadas
Mentiras doces e juras erradas
Te amei no caos, te perdi na quebrada
Hoje meu amor é alma condenada

Amar alguém que nunca te amou direito
É carregar uma cruz dentro do peito
Te escrevi cartas com tinta e dor
Mas cê só lia o que cabia no teu humor

Cê me deixou na beira do abismo
Depois me culpou por cair no abismo
Você foi veneno no corpo sedento
Foi tempestade fingindo ser vento

Apaguei teu nome com whisky e revolta
Mas ainda escuto tua risada na volta
Me destruiu sem tocar no meu corpo
E eu fui fraco, confundi amor com socorro

Cartas manchadas, rosas queimadas
Mentiras doces e juras erradas
Te amei no caos, te perdi na quebrada
Hoje meu amor é alma condenada

Me diz: Cê sente culpa quando dorme?
Ou já se acostumou a matar quem te ame?
Cê foi minha fé, cê virou meu pecado
Hoje te lembro com nojo e recado

Quem ama demais vira alvo fácil
Quem sente demais é tratado como frágil
Mas aprendi a lidar com o vazio
Tô na escuridão, mas não tô mais frio

As cartas tão guardadas
Mas o amor, queimou
E as rosas?
Viraram cinza
Igual a nós dois

Cartas manchadas, rosas queimadas
Mentiras doces e juras erradas
Te amei no caos, te perdi na quebrada
Hoje meu amor é alma condenada
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