Preta menina, minha Bitita A escolhida pra ficar na história Pegou as rédeas do destino no cabresto E da vida fez um texto O avesso à escória Parte pra fazer a sua parte Nesse mundo de descartes Não cabiam seus desejos Assinatura, ancestralidade e fé Muito mais que rodapé As chaves do seu Quarto de Despejo Ê favela, favela do Canindé! Onde a mãe cata no lixo pro filho poder comer Povo marginalizado, açoitado pela lei Cadê justiça, meu Deus? Eu não sei! Mas tua a palavra é a cura contra o lenço da censura Quando o certo é talvez De um Brasil que já nasceu castrado E o preto favelado quase sempre não tem vez Não, ninguém apaga a memória Mil vezes não Daqui pra frente todo o mundo vai saber Que o livro é porta aberta pra quem quer vencer Rainha Hoje o Carnaval tem a missão Ninguém solta mais a sua mão E a gloriosa pretitude vai vencer Levanta a cabeça, preta! Ergue o punho, rasga o véu Tua luta é exemplo pras mulheres do Borel No prefácio da história a Tijuca é a luz Assina: Carolina Maria de Jesus