Mais de 500 anos trancado nesse inferno Entre as minas terrestres e as balas perdidas do Exército Estava trincheira, se esconde dos trassantes Que os vermes subiram, mor me deixar um poças de sangue A paz não brota, por que não se plantamos Esconde droga, é outra bala de AK Varando a janela, atravessando a porta Que bosta, não tem emprego, é só assalto ou mano dependente Da sopa que vem do estado, nacionalismo não é A bandeira verde em cima do meu caixão, morto Trocando com a polícia por um pacote de macarrão Barriga vazia e apoia o capitalismo, canalha Posição de sentido, que canta o hino sem entender Uma só palavra, no sul do país tem bandeira rasgada Na faca, patriotismo escasso, sem luz elétrica Água encanada, enxurrada, esgoto invadindo o barraco Soterrando a solução, pra não morrer de fome Está se sentindo esgotando, Brasil não é um país de todos Por aqui, movimento sem terra, ponha na tela O gráfico do crescimento das favelas Não vem iludir o povo com os fraterna fome zero Enfia no cu a bolsa escola, ninguém quer viver de resto Só sonhamos invadir o Senado e uzy Cano Na nuca, vai deita no chão, deputado, filho da puta Pelos corpos carbonizados no morro que viram pó Pelos decapitados que fertilizam o subsolo Pelos crânios furados de AR, sem medo sem dó Pelos habitantes dos presídios que não vão em escola Mas hoje é um dia de festa e que seja um país eterno E a população comemora 500 anos no inferno Hoje comemoramos 500 anos no inferno Com o cadáver embaixo do jornal e outro no necrotério Hoje comemoramos 500 anos no inferno Com o sistema batendo palma no dia 2 de novembro Hoje comemoramos 500 anos no inferno Com o cuzão andando com colete embaixo do teclado Hoje comemoramos 500 anos no inferno Com a CBC fazendo voa pedaço de cérebro Mais de 500 anos de ambição e desigualdade Hipocrisia e cinismo no país da Impunidade Maldito português que botou o pé nessa terra Transformou isso mesmo inferno e só promoveu guerra Cabral escravizou os negros, exterminou os índios Virou lenda que tem seu nome citado em vários livros Meus heróis lutaram e morreram como guerreiro Zumbe, Tiradentes, pra mim servem de exemplo 500 anos depois, o país continua sendo explorado Só que hoje não é sou negro que a escravizados, terminando O povo só é lembrado em época de eleição Título de eleitor na mão, seu voto vai mudar a nação E a gente não aguenta mais ouvir tanta merda Tanta mentira, ver um filho da puta zombando da gente Fazendo demagogia Já sonhei jogar no timão, sonhei ser divulgado Hoje, se pudesse, queria ser como Lampião, rei do cangaço De saqueava os fazendeiros, dava comida pros pobres Queria saquear o HSBC e repartir com o povo, malote Se pudesse, aplicaria no Código Penal Brasileiro A pena de talião pra gambé covarde, morrendo Sou o código de Amirabi, do Império babilônico Faría jorrar sangue da boca dos políticos criminosos Mas nem mesmo a vingança diminui a saudade De quem foi morto encurralado, vítima de um ato covarde Como meu truta churros, morto dentro da sua casa Tipo Capão da Traição, na Guerra dos Emboabas Por isso, senhor Jesus Cristo, na minha oração Te peço dê forças pra gente continuar sobrevivendo Nesse inferno Hoje comemoramos 500 anos no inferno Com o cadáver embaixo do jornal e outro no necrotério Hoje comemoramos 500 anos no inferno Com o sistema batendo palma no dia 2 de novembro Hoje comemoramos 500 anos no inferno Com o cuzão andando com colete embaixo do teclado Hoje comemoramos 500 anos no inferno Com a CBC fazendo voa pedaço de cérebro