Um velho pajé de uma tribo extinta Me disse que já viu A morte em muitas faces Mas nem uma delas é tão perigosa Quanto a da mulher que nasceu Com os olhos de outubro Olhos de desejo e de condenação Ela sabe se esgueirar por palavras tortas E nos beijos que ela dá há um prazer maldito Estrelas ela sabe ler Perfume de rosa ela tem Feitiços antigos na alma e no peito o medo de amar Destila o veneno de um escorpião Um dia um rapaz tolo e distraído Na encosta do morro cruzou com seu destino Ela atraiu-lhe o olhar Aqueceu seu sangue Enquanto a cidade acendia suas luzes ela cravou Naquele peito menino seu mortal ferrão E enquanto ela sorria Em agonia ele cantou Uma última poesia Sobre os perigos do amor Dos olhos de outubro Ele não escapou