Já teve verão no olhar colorido Hoje só resta esse céu desabrido Tantas promessas jogadas no chão E a vida pesando no seu coração Tentou ser abrigo, tentou ser farol Mas tudo apagava, até mesmo o sol Levou tanta queda, calou seu cantar E aprendeu na dor a não mais sonhar Foi perdendo o sentido, sem força, sem paz Cada dia mais frio, o amor se desfaz Na estrada vazia, só sombra e sinal De um tempo esquecido, de um bem que faz mal Não fala com Deus, nem escreve canção Só conta os segundos batendo no chão O peito vazio, sem cor, sem calor Só vive no modo que o tempo deixou Mas às vezes, no vento, um sopro sutil Traz algo pequeno, mas quase infantil Um toque, um sorriso, um gesto normal Que lembra que a vida não é tão fatal Mesmo sem direção, ainda segue o chão Mesmo em cacos, resiste um pouco de ilusão E quem sabe um dia, num canto banal A vida devolva o seu final ideal