Voltando pra casa do trampo eu vi Aquela cena Três pivetes num entulho Estava frio Pátria nossa que os pariu Mas que beleza Com todo aquele barulho Ninguém os viu A imagem é triste Mas há quem resiste E, pros que desistem Meu dedo médio em riste Quando o brinquedo é o lixo Aí fica difícil Se educar numa carroça Com mais dois amigos A cultura cura, leia a bula Oportunidade, sobreviver da rua Eu paro e penso, eu não esqueço Um alto preço, caro, para se bancar Eu te entendo, eu não me rendo, tempo escorrendo Mas um dia isso vai mudar Na escola a professora deu uma lição Escreveu com giz no quadro o seguinte tema No Brasil, brasileiro tem educação Se rebelando, em escola na ocupação Hoje o jovem pode fazer planos Ser catador, pedreiro ou faze uma mão Dignidade, aqui, não é a questão Esmola e cotas Pra que cogitar um futuro A cultura cura, leia a bula Oportunidade, sobreviver da rua Eu paro e penso, eu não esqueço Um alto preço, caro, para se bancar Eu te entendo, eu não me rendo, tempo escorrendo Mas um dia isso vai mudar De tijolo em tijolo faz-se um muro Murmurou o sábio na fila do sus A casa dele não tem luz É de papel A corrupção 6 furos, na terra o céu! Aqui o inferno reina A desordem e regresso Álcool, drogas, armas dos caras do terno Mas e o futuro daquela gurizada? Marginalizada, sonhando com a roubada? O mundo é imundo, o poço é fundo A realidade nunca rende assunto! Eu paro e penso, eu não esqueço Um alto preço, caro, para se bancar Eu te entendo, eu não me rendo Tempo escorrendo Mas um dia isso vai mudar