Minha lança ao chão foi derramado sangue e suor Já vejo o portão as almas dançam ao meu redor Deixa a esperança aqui foi marcado no portão Juntei a Coragem por ti, foi a última oração Por baixo do capuz, fitando a escuridão, o barqueiro a me guiar Não há nenhuma luz, no limbo a imensidão, sem boa nova pra contar Um juiz para julgar e cabeças vão rolar Pela carne condenar, meu motivo pra errar Lhe peço perdão, em seu nome dou o meu melhor A lama e o cão, fome que acordará maior Com dentes e garras punir, a ânsia do glutão Ganância, o ouro e o rubi, tudo isso foi em vão Ouro falso que reluz, que condena à escravidão, qual o preço a pagar? Minha força se reduz, e eu sinto a exaustão, o caos a me cercar A muralha atravessar, mil demônios a matar Os Serafins a queimar, minha esperança renovar Pude ver, então, a pena do herege infrator A sua aflição, no fogo eterno gritos de dor O rio de sangue a fluir, arde o tirano que o verteu Aquele que ceifou a si, lamenta o sonho que perdeu O sangue que jorrou, o deserto, a solidão, o espinho a castigar E o mentiroso que fraudou, a ruína do ladrão, ferro e fogo a lhe marcar O açoite a flagelar, o imundo a se sujar Brutal noite a suportar, fossos e ossos a cruzar Devo resistir, ao último tormento e terror No gelo a refletir, a imagem de, mais um traidor Com beijo ou adaga trair, seu mestre ou seu senhor O rei do inferno iludir, e provar o meu valor A estrela da manhã, face a face enfrentar, trato algum vai me salvar A cada golpe de satã, mais mentiras a contar, como irei me libertar? Três cabeças decepar, com um só golpe arrancar O inferno enfim deixar, meu destino superar