Chove A chuva dos desavisados Dos incautos na noite Dos proscritos Chove a chuva dos mortos Dos desmanchados na areia Do encontro das águas com o mar Chove a lama das serras Chove a poeira do asfalto Chovem os olhos sonhadores Chove o meu corpo compulsivo Sobre este mesmo chão Chovo Em todos os meus poros Esta própria gana que é líquida Este barulhar de ódios escondidos Este marulhar de sangue E tudo isto me purga Pacifica Me alivia da repulsa Repulsa