Terra arrasada, campos sem gado Figueira seca, sem olivais Águas amargas, sem ovelhas nos currais Vinhas sem uvas, lagar sem trigo Contamidos os mananciais Fome demais, campos sem gado Mães canibais dos próprios filhos E uma viúva pobre endividada, sem nada (Ela foi ao profeta profeta e disse) Meu marido morreu, era teu seguidor Deixou dividas e amanhã de manhã o credor Vai levar os meus filhos embora daqui e me deixar sem nada O que tens em casa, mulher? Nada, nada, nada, nada, nada! Aliás, uma botija com quase nada de azeite Mais nada, nada, nada, nada, nada! Queres ver milagre, mulher, do nada, nada, nada quase nada Pega vasilhas de vizinhos emprestadas Fecha a porta e deixa o azeite derramar Derrama que dá Enche, pode derramar Quanto mais derrama, enche Quanto mais enche, derrama Derrama que dá Uma, duas, três, paga divida de uma vez E viva do resto, é sobra