A vida é bela mais perto do início Por isso eu sempre revivo o começo Já quebrei o tempo buscando um sentido Porque nada disso me faz sentir inteiro Esboço de algo que eu não reconheço Difícil é não ter tropeço Tipo um fogo mantendo aceso Lembrança de tudo que existiu aqui dentro Há tanto tempo eu não sei o que é tempo Perdido e sem eixo, não sinto mais nada Eu sei que eu tô longe de um bom recomeço Ou de algum rumo certo nessa caminhada Que é tipo um retrato mais puro, eu me vejo Sempre em busca de um último desejo Tu fala que sabe o que passa aqui dentro Mas como, se às vezes nem eu mesmo entendo? É nas planícies do pampa congelado Caindo chuva e geada Seguido, vigiado, espírito condenado Passo ecoa no prado Espaço soa no alto Sempre que eu solto o ar Consigo ver a fumaça Um dia tu é caça e no mesmo é almoço O preço é salgado mas o gosto é insosso Abutre comendo tutano do osso Te distraiu, não sobrou nem caroço Habitando esgoto a céu aberto Mais do que inóspitavel Nada daqui é certo Quanto mais tu tenta olhar de perto Mais que se torna claro Nada daqui é vero Jehu chegou no cúmulo Tu acumula número Eu acumulo úmero Tíbia e fêmur no túmulo Suma de tudo é fúnebre Sumir de tudo é o rumo Consumindo todo mundo Da superfície até o fundo Tem vez que não tem graça Dentro de mim um ódio que nunca passa A geada cai do alto e pinta a vidraça O coração congela Com o frio que abraça Muito difícil sobreviver aqui Não desejo nem pro meu inimigo Cair nessa vivência Naturalmente nocivo Nada substitui a experiência Tô há vários anos tentando entender O que leva esses caras a ficar tentando Se tudo é sempre vazio Nada leva pra cova Tudo na terra, sempre aonde fica Eu sou a porta pra tu ir pra cova Tem dúvida? Então me testa, não Não aproxima, o perigo trazido É intacto e vão Torra dia em cima de dia Tando na contramão Compreendendo o fim do princípio Não tem novidade: A vida Começa e morre, vaidade Não resta uma questão