No país do futebol Até o campinho virou campo de batalha E a pelada virou aposta E eu? Fiquei no prejuízo Domingo era sagrado, rádio na calçada Bola na TV, esperança renovada Camisa suada, grito preso no peito Era paixão, era arte, era puro respeito Drible de craque, gol de placa, emoção A arquibancada era o coração da nação Mas vieram as bets e levaram a esperança Deixaram um gramado vazio sem confiança Roubaram meu hobby, meu jogo, meu time Meu refúgio da vida, meu instante sublime Trocaram o amor por aposta e esquema E no fim das contas, virou mais um problema Juiz vendido, cartão amarelo comprado Jogador que cai por um acordo acertado Tudo por pix, tudo filmado E o povo otário ali, apaixonado Não bastava a política, o preço da feira A conta vencida, só sobra poeira Agora até a bola, meu velho alívio Vira manchete de mais um escândalo sujo e cínico Roubaram meu hobby, meu grito, meu chão Minha infância no barro, meu time do coração Transformaram o gol em número de aposta E quem torce de verdade é quem mais se desgosta Me disseram que apostar era liberdade Mas esqueceram de avisar da falsidade Que por trás da camisa e do escudo Tem contrato, tem esquema, tem submundo Roubaram meu hobby, meu riso, meu canto Transformaram meu jogo em mais um pranto Mas ainda carrego no peito essa dor Porque o futebol era puro amor (Ô juiz ladrão), devolve minha paixão! (Ô diretor ladrão), devolve minha paixão! (Ô jogador ladrão), devolve minha paixão! (Ô cartola ladrão), devolve minha paixão!