Estrela que brilha, clareia a trilha Ilumina e guia o meu caminhar Alumeia um pouquinho esse meu caminho Me dê uma luz, tá difícil enxergar Quanto mais eu ando, mais escuro fica Me dê uma dica pra poder seguir Não sei o que faço Se ando, se paro, se corro, se sigo, se fico aqui Tome minha boca pra que eu só fale Aquilo que eu deveria dizer A caneta, a folha, o lápis Agora que eu comecei a escrever Que eu nunca me cale O jogo só vale quando todas as partes puderem jogar Sou mulher, sou preta, essa é minha treta Me deram um palco e eu vou cantar Canto pela tia que é silenciada Dizem que só a pia é seu lugar Pela mina que é de quebrada Que é violentada e não pode estudar Canto pela preta objetificada Gostosa, sarada, que tem que sambar Dona de casa limpa, lava e passa Mas fora do lar não pode trabalhar A dona de casa limpa, lava e passa A dona de casa Não precisa ser Amélia pra ser de verdade Você tem a liberdade pra ser quem você quiser Seja preta, indígena, trans, nordestina Não se nasce feminina, torna-se mulher E não precisa ser Amélia pra ser de verdade Cê tem a liberdade pra ser quem você quiser Seja preta, indígena, trans, nordestina Não se nasce feminina, torna-se mulher E não precisa ser Amélia pra ser de verdade Cê tem a liberdade pra ser quem você quiser Menos preta, indígena Não se apropria Quer ser preta dia a dia Pra polícia cê num é