Mangueira tucuju ê marabaxeira Canta o uirapuru com o surdo de primeira Quando piso em folhas secas Ouço a voz do seu tambor Sou mestre sacaca, xamã babalaô Noite, oh mística noite A Lua sonha e dança Entre visões na pajelança arriei nessa aldeia Tem árvore doce e matiz Amazônia negra, no caule de sua raiz Mangueira, seiva viva nessa terra Encerra às margens que a história silenciou Mangueira, ramifico em teus galhos Pelas gotas de orvalho perfumadas como a flor A correnteza me guia São milagres da maré, primazia! O invisível se manifesta na magia da floresta Deixa nego véio trabaiá Caroço de jaca queimada, pó com azeite de mamona Cura umbigo de criança, cura umbigo de criança Pra gripe, mel de abelha, casca de jutaí Folha de sacaca, erva-de-jabuti A madeira se liberta, o estrondo tinge o vento Entre farpas, fundamento O calor afina o couro Tambores do mesmo nascedouro Então, me dissolvo em argila volto ao chão Viro semente Meus lábios de açaí a cantar Rugido de onça, é reza do meu Amapá