No passo a passo a vida vai Um roteiro que não sai Adequando palavras, averiguando as falácias E a massa em casas escassas A ilusão que trai É tão difícil, pai A ficha aqui não cai Onde os urubus tem asas No mangue, o quintal em brasas No batuque o requinte É o Chico, chique Francisco de Assis Em cima do Beat A voz que tá no repeat O baque encanta o Nordeste Balança e ginga o cabra da peste Perde os elos das vestes Segue soltando repentes Muda mentes, insurgentes Gente como a gente Preparada e armada De poesia até os dentes Na Nação de Zumbi Salve Zumbi A vida é treta Poesia num papel de pão A vida é treta Poesia num papel de pão Bem-vindo à vaidade e à hipocrisia Sucumbe a alegria e o riso vira convulsão A vida é treta Poesia num papel de pão A vida é treta Poesia num papel de pão Realidade distorcida, mundo insano Cabeça no lugar, pra não virar o que odiamos Ouça o canto dos poetas Ouça as vozes dos profetas A linha é reta na revolução Banditismo por questão de classe Por necessidade, longe da maldade Um gosto amargo, mal, que nos consome Já dizia Saramago: Obscena é a fome E quem come bem, tem poder no sobrenome É muvuca explorada Arapuca armada Esperança roubada É tabefe na nuca É Yuka, Sivuca Folha de arruda Que combate o medo Qual é o enredo que vence a dor? O autor do nosso livro é também leitor No fim da página, enxugue as lágrimas Segure o ar O mundo acaba todo dia Pra no outro dia levantar Café com pão, café com pão Que a fé não costuma faiá Fumaça, suor e carvão Palavras violentas, necessárias Formam um novo refrão Gasolina, fósforo, vulcão A opressão é bomba atômica Pronta pra entrar em erupção A vida é treta Poesia num papel de pão A vida é treta Poesia num papel de pão Bem-vindo à vaidade e à hipocrisia Sucumbe a alegria e o riso vira convulsão A vida é treta Poesia num papel de pão A vida é treta Poesia num papel de pão Realidade distorcida, mundo insano Cabeça no lugar, pra não virar o Que odiamos Ouça o canto dos poetas Ouça as vozes dos profetas A linha é reta na revolução Dá pra ver, surgindo da terra e do cal A esperança que faz tremer Estruturas, agruras, se ouve nas ruas O renascer Braços moldados pra luta Ouvidos atentos na escuta Sabedoria popular Batalha a batalha Verso a verso Pra transformar Ouça o canto dos poetas Ouça as vozes dos profetas A linha é reta na revolução