De madrugada, sem verba Cá estou em Salvador Sigo na estrada do Derba É pra lá que eu vou O clima (rôu!) É aquele terror Na Favela esquecida Cidade mal projetada Onde viver a vida Não vale quase nada Valéria, minha morada Vila sempre perseguida Não há trégua nem paz O crime aqui prevalece Filho d'uma égua é quem o faz Oprime e ainda enaltece A violência e a injustiça Com as mãos sujas de prece A convivência omissa De alguns cidadãos E a falência do Estado Que não dá proteção É o caldo de sangue A ferver neste caldeirão Da Nova Brasília À Palestina O cerco se fecha O medo predomina Rajada de balas Que se aproxima Do barraco ao barranco Da lama à chacina Só se escuta o galope Da noite assassina Um duelo a cada esquina Lamento sem confiança Na estação Nova Esperança Fim de linha, sem mudança Cavalgando no busão Eu sem lança, nem medalha No faroeste da Valéria Velho oeste em batalha Na quebrada é bang-bang Tiroteio entre gangues Sem xerife e sem lei Só Jah é o vigia No beco onde eu passei