No calor do Natal, o menino chorava Presépio nas serras, foi o palco da cena A mãe, no mercado a pedir, esmolava A vergonha no rosto não é tão pequena O céu, imenso azul, mas a vida é sombria Quem há de ouvir a sua melodia? No braço, o menino a carregar Manta vermelha, sangue da terra Jesus de novo a se revelar Mas no meio do caos, a fé se enterra Outras Mulheres viram o rosto Não querem ver o fruto exposto Oh, Jah! Traga luz na cidade-presépio Onde o amor dorme, cansado no alto de um prédio No balanço da serra, que o reggae embale A cada mão que nega, outra que fale Menino do mundo, ouça esse som Ser humano é mau, mas Jah é Deus Bom! Menino do mundo, ouça esse som Ser humano é mau, mas Jah é Deus Bom! A menina ao lado, segurando o arroz Talvez fosse tudo pra um dia existir A fome chorava ao pé da cruz Ninguém ao redor quis repartir Cristo, de novo, passando em vão Quem o notará, estendido no chão? Cidade-presépio, nas serras plantada Casas na pedra, ao pé da Chapada Mas onde está o espírito que aquece? Se uma mãe é só sombra enquanto padece? O tempo é cruel, não para, não volta Mas guarda a imagem que gera revolta Menino do mundo, ouça esse som Ser humano é mau, mas Jah é Deus Bom! Menino do mundo, ouça esse som Ser humano é mau, mas Jah é Deus Bom! O moderno presépio, cenário de um drama Mas cadê os pastores, cadê a esperança? O mundo é de aço, mas o reggae é a chama Que clama por justiça e aquece a criança Jah nos olha num silêncio profundo Quem mudará o destino do mundo? Então é Natal No alto da serra, dentro da gruta Mais um menino, perdido e esquecido Chorando de fome, mas ninguém escuta Talvez seja ele o amor renascido Então toque reggae, acenda a centelha Que o presépio é o mundo e a luz uma estrela Menino do mundo, ouça esse som Ser humano é mau, mas Jah é Deus Bom! Menino do mundo, ouça esse som Ser humano é mau, mas Jah é Deus Bom!