Me fecho me escondo Me tranco me monto Me apego aos escombros Antes de quebrar a vidraça! É só mais um tombo Me sinto tão tonto, mas caio e levanto dando porrada! Outra porta na cara A vida que passa! Não sinto gosto nem cheiro Não sinto ódio nem receio! Eu sinto falta do começo, quando a vida andava E meu sorriso inspirava uma alegria sem fim! Sinto falta de mim! Minha incompetência em copiar me torna único Sem par, um ser ímpar Um jogo de azar, tipo caviar no bar De chinelo, sem camisa, fumando um beck num jaguar Sinto que de todos os planos De todos os sonhos insanos Em todas as letras e em Cada eu te amo Um pedaço de mim tinha que ir Uma saudade que me faz sentir Essa vontade previsível e infantil Que sempre me guiou, que sempre judiou E hoje se perde nesse imenso vazio que restou Já sem vaidade, só na maldade, perdido na cidade Minhas escolhas me aleijam, esquecido porque quis assim Nesse hiato sem nexo, me acabo, me agarro, me entrego E talvez chegue até bem perto, mas nunca Nunca declaro meu fim Pra qualquer sonhador que do tempo é escravo Cumpre-se a velha sentença, de uma desgraça lúcida e plena De uma desgraça lúcida e plena Vivendo acordado vendo os problemas Tendo consciência, enfrentando o dilema Tipo a religião contra a ciência Dor demais enobrece? Emburrece? Adormece quem eu realmente sou Mas quem eu sou? Já fui tantos, hoje sou um deles Um velho novo, observando todos Tão tolos, tão toscos Mas serviram de esboço pra um dia eu dar o troco Entre noites mal dormidas e pecados juvenis O faz de conta ganha vida e nem sempre é feliz Joguei fora muito tempo e o que restou? Um caminho marginal Eu sou muitos, mas não sou o autor desse final Quem sabe qualquer dia, esse alguém sem sobrenome Prove que sem alegria a saudade também some E nem sonha mais quando dorme Pra qualquer sonhador que do tempo é escravo Cumpre-se a velha sentença, de uma desgraça lúcida e plena