Vieram sorrindo, mãos tão abertas Mas por dentro, as intenções eram incertas Palavras doces como veneno em flor E eu, cega de sede, bebi o sabor Prometeram abrigo, juraram calor Mas me deixaram na porta, sem cor Acolhem com festa, descartam com pressa E o eco da farsa ainda me atravessa Chuva de sangue no céu sem estrela Quem finge se importa, na hora se ausenta Beijos com garras, promessas que ardem E eu sangro calada enquanto eles partem Fizeram abrigo com vidro quebrado Pisando em mim, e eu grata, calada Só percebi quando o chão sumiu E o vulto no espelho já não era o meu perfil Me moldaram em silêncio, me esvaziaram Riram por dentro enquanto me usavam Agora que a máscara pesa demais Eu danço sozinha entre os meus fantasmas leais Chuva de sangue no céu sem estrela Quem finge se importa, na hora se ausenta Beijos com garras, promessas que ardem E eu sangro calada enquanto eles partem Mas da chuva nasce o veneno E eu aprendi: Sou ferro, não plena Quem veio beber da minha dor Vai se afogar no meu novo rancor