Vidros brilhando na rua sem nome Corpos vendendo o que o mundo consome Olhares trocados por notas e fúria Perfume barato, desejo e loucura Ela aprende a sorrir sem sentir A mostrar pra ter onde cair Toda vez que o salto toca o chão Mais um pedaço perde a razão E ela dança – pros olhos do rei Finge poder, mas só obedece à lei Do corpo, do jogo, do preço e do véu Vestida de sangue, chamam de céu Dama de vermelho, rainha da noite Coração vendido em cada açoite Brilha no escuro, mas morre devagar Beleza é a jaula onde vão te guardar Dama de vermelho, chama e pecado Joga o sorriso como um dado Finge ser livre, mas vive presa Num sonho de vidro e de realeza Luz neon reflete o rosto cansado Doce veneno num corpo dourado Dizem que ela é o prêmio do fim Mas ninguém pergunta quem chora ali O espelho diz você venceu Mas no reflexo só restou eu Cicatriz pintada de batom A dama dança, o mundo é o salão E ela ri, porque dói demais Aprendeu a ser o que eles querem mais O toque, o truque, a pele, o véu Vestida pra festa, caindo no céu Dama de vermelho, rainha da noite Coração vendido em cada açoite Brilha no escuro, mas morre devagar Beleza é a jaula onde vão te guardar Dama de vermelho, chama e pecado Joga o sorriso como um dado Finge ser livre, mas vive presa Num sonho de vidro e de realeza Na vitrine o mundo observa Quem paga pra ver, esquece quem sangra Ela é o fogo, mas também é a dor Rainha de um reino sem amor Dama de vermelho, rainha da noite Coração vendido em cada açoite Brilha no escuro, mas morre devagar Beleza é a jaula onde vão te guardar Dama de vermelho, dança e some Sem nome, sem voz, mas com fome O espelho reflete o que não se diz Ser bela demais nunca foi ser feliz