Construíram meu corpo na praça do meio Polida em beleza que nunca escolhi Toque frio de inverno prendendo meu peito Enquanto o mundo derrama em mim o que eu nunca vivi Confissões pesadas, verdades escondidas As crises que todos fingiram calar Eu guardo no ventre a dor que derramam Mas ninguém percebe o que começa a rachar Passos que vem pedindo por consolo Pelos meus ombros de pedra se apoiam E eu sigo imóvel, segurando o choro Pra que os seus medos não se desbastem à toa E quando a noite cai, enfim eu desabo Minha face trincada escorrendo o que negam As lágrimas quentes que nunca enxergaram Esculpem na pedra as feridas que carregam Ninguém nunca olha pra dor que eu trago Mas deixam seus mundos pesarem em mim E mesmo que o mármore grite estrangulado Eles só veem o brilho – nunca por dentro A chuva desliza, mas não me liberta Só lava os pecados que colocam em mim Eu sinto o peso de cada promessa Que eles depositam e deixam cair E quando se afastam, eu quase desmorono Tento manter minha forma de pé Eles descansam, achando conforto Na estátua que sente o que nunca confessa No fundo da pedra há um coração preso Tentando pulsar sem ninguém perceber E mesmo que o mundo me use em silêncio Tenho rachaduras tentando crescer E quando a noite cai, enfim eu desabo Minha face trincada escorrendo o que negam As lágrimas quentes que nunca enxergaram Esculpem na pedra as feridas que carregam Ninguém nunca olha pra dor que eu trago Mas deixam seus mundos pesarem em mim E mesmo que o mármore grite estrangulado Eles só veem o brilho – nunca por dentro Se um dia ouvirem o som das fissuras É só a verdade tentando escapar A dor de mil almas guardada na escultura Pedindo silêncio, tentando gritar Pois mesmo que o tempo tente apagar Os lamentos que guardo por eras sem fim A pedra recorda o que tentam negar E guarda o que ninguém guarda de mim