Rasguei a pele antiga sem saber quem viria Fui silêncio engolido na noite vazia O que era certeza virou névoa e poeira E ainda assim, eu andei, sem beira O espelho partiu sem estilhaço Só restou o que não era laço Nem passado, nem começo Só o tempo no avesso Troquei minhas asas por um grito E o medo por outro infinito Deixei cair o que me vestia Pra caber na alma que surgia Troquei minhas asas por um grito E o medo por outro infinito Não sou a mesma, nem preciso ser A dor ensinou a renascer Carreguei cicatrizes como tatuagens Cada uma: Mapa, fuga, linguagem Fui sombra do que esperavam ver Mas escolhi não me esconder Desaprendi a pedir permissão Pra existir em transição Não sou começo, nem fim Sou o intervalo enfim Troquei minhas asas por um grito E o medo por outro infinito Deixei cair o que me vestia Pra caber na alma que surgia Troquei minhas asas por um grito E o medo por outro infinito Não sou a mesma, nem preciso ser A dor ensinou a renascer